Terça-Feira, 15 de Outubro de 2024 -

Em cenário de profundo pessimismo e incertezas, PIB cresce apenas 0,2%

Publicado em: 03/09/2018

ALEX CAPUANO/CUT

O pífio crescimento de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país) no segundo trimestre deste ano, divulgado nesta sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a economia está parada e a trajetória de retomada, que deveria se consolidar este ano, pelo menos segundo as centenas de análises e reportagens da mídia comercial, não passou de falsas promessas dos golpistas que diziam que bastava tirar Dilma que a economia voltaria a crescer.

A presidenta Dilma Rousseff foi destituida do cargo, o golpista Michel Temer (MDB-SP) assumiu e, três anos depois, o resultado do PIB – que em valores somou R$ 1,693 trilhão – mostra que a economia pós-golpe patinou, entre outros fatores, porque o consumo das famílias variou apenas 0,1% em relação ao início do ano, enquanto a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que aponta investimentos, recuou 1,8%. O consumo do governo subiu 0,5%. Exportações e importações recuaram -5,5% e -2,1%, respectivamente.

Os indicadores de produção industrial, vendas no comércio e serviços, altas taxas de desemprego comprovam que

O cenário é de profundo pessimismo e incertezas

– Adriana Marcolino e Leandro Horie, Subseção do Dieese da CUT

Segundo eles, a queda de 0,6 ponto percentual da taxa de desemprego, que atinge 12,9 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, segundo dados divulgados nesta quinta –feira (30) pelo IBGE, é um exemplo.

“O próprio instituto afirmou que o que contribuiu para a queda não foi a geração de emprego, foi o desalento que bateu recorde e cresceu 17,8% em um ano, aliada à subocupação que cresceu 4,3% no trimestre”.

Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, “o que esse pibinho mostra é a incompetência do governo do ilegítimo Temer, que não tem política econômica, tem apenas política de arrocho e retirada de direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras”.

Vagner lembra que no governo do ex-presidente Lula, a geração de empregos e o estímulo ao consumo impediram que o Brasil sofresse as consequências da crise financeira de 2008, que derrubou a economia de diversos países em todo o mundo.

Nenhum país pode retomar o crescimento de forma sustentável com um mercado de trabalho com esse cenário em que as famílias não têm renda nem para consumir os produtos de primeira necessidade

– Vagner Freitas

Segundo o IBGE, a taxa de investimento correspondeu a 16% do PIB. Apesar do percentual ficar acima do segundo trimestre do ano passado (15,3%), ainda é aquém do necessário. A taxa de poupança passou de 15,7% para 16,4%.

“A alta ociosidade das indústrias e a baixa capacidade de consumo das famílias desestimulam os investimentos. Sem investimentos, a roda da economia não gira, o que faz com que essa situação não se modifique, inclusive pode piorar”, analisam os técnicos da subseção do Dieese da CUT.

Segundo Adriana e Leandro, o setor público, que poderia alavancar essa retomada, apresentou retração no consumo. “Ou seja, do lado da demanda há pouco espaço para reação e o que temos observado são pequenos soluços e não uma retomada consistente e capaz de recuperar o desastre da crise econômica”.

Na comparação com o segundo trimestre de 2017, o PIB brasileiro cresceu apenas 1%. Apesar de ser o quinto resultado positivo seguido é pífio. A indústria e serviços tiveram alta de apenas 1,2%. Já a agropecuária recuou 0,4%. O consumo das famílias subiu só 1,7% e o do governo, 0,1%, enquanto a FBCF aumentou 3,7%.

Vagner lembra, ainda, que o governo Temer tem usado como desculpa para explicar o pífio resultado do segundo trimestre a greve dos caminhoneiros, no que é amplamente repercutido pela mídia golpista.

“O que eles fazem é tentar se isentar das escolhas políticas e econômicas que têm feito o Brasil se manter na crise. O governo chegou a anunciar que esse ano o país iria crescer 3%! Agora está nítido que o país ficará longe dessa marca”, conclui o dirigente.

Fonte: CUT

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