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14º CECUT: “Não aceitaremos a agenda Renan-Levy”

Publicado em: 27/08/2015
Gerardo Lazzari

Gerardo Lazzari

As condições da economia brasileira são difíceis e não se pode relativizar a crise, que é de âmbito internacional. É por isso que os movimentos sindical e sociais cobram, imediatamente, a mudança da política econômica do governo de Dilma Rousseff e o fim das agendas do presidente do Senado, Renan Calheiros, e do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Esta foi a tônica das falas na manhã desta quarta-feira (26), segundo dia do 14º Congresso Estadual da CUT São Paulo (CECUT).

“A China é a maior parceira comercial do Brasil e hoje é praticamente a maior economia do mundo, junto com a economia norte-americana. E como lá não há democracia e nem transparência, sabemos que o governo chinês divulga os números que acha melhor. Só que a economia chinesa estagnou e o Brasil vai junto nisso porque é parceiro do país”, alertou o presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas.

Diante da crise mundial, Freitas disse é preciso construir entendimentos, chamar para conversar os setores do empresariado comprometidos com o país, elaborar propostas de política econômica, como a que a CUT está concluindo e que apresentará em breve ao governo.

“Se não há dinheiro, deve existir ao menos criatividade. Existem soluções e não temos concordância como o ajuste fiscal de Levy. Temos de ter uma agenda que se contraponha a agenda da retirada de direitos que vem sendo apresentada. Vamos levar ao Congresso Nacional e a presidência da República a pauta da classe trabalhadora, que vamos discutir no Fórum do Desenvolvimento, Trabalho e Previdência, criado por Dilma”, explicou o presidente.

Vice-presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo avalia que o cenário nacional tem como berço do retrocesso o estado paulista. “São Paulo é hoje, e tem sido assim ao longo da história do Brasil, a trincheira do pensamento e das políticas conservadoras e neoliberais que influenciam o país. É para desconstruir isso que devemos construir ações junto aos movimentos sociais”, ressalta.

Vagner citou como resultado da crise as demissões que têm afetado principalmente os metalúrgicos e o setor da indústria. “Se não tivermos a mudança na política econômica, continuaremos com a insatisfação expressa no rosto e na barriga dos trabalhadores”.

Para o presidente, dois são os caminhos da Central neste próximo período, que são o fortalecimento de uma trincheira da esquerda junto aos movimentos sociais, por meio da Frente Brasil Popular, e a negociação permanente com o governo e setores mais sérios do empresariado no país.

Projeto popular

A partir do cenário nacional, Izzo avalia que a construção de um projeto popular para mudar São Paulo – mote principal do 14º CECUT – é o caminho a ser trilhado e propôs um calendário de mobilizações para quebrar a estrutura neoliberal do governo estadual paulista que, segundo ele, está na estrutura da imprensa, na ação de setores do judiciário, de prefeitos aliados ao PSDB e de grandes estruturas financeiras baseadas nos processos de privatizações e seus acordos”, disse.

A exemplo de uma parcela da elite que sai às ruas de São Paulo pedindo o golpe, Vagner também comentou sobre a crise política que, segundo ele, alimenta e estimula a crise econômica. “Isso foi criado pelos que não aceitaram o resultado da eleição. É preciso acabar com a ideia de terceiro turno de uma vez”, pontuou.

Segundo Freitas, setores do empresariado já perceberam que não é este o caminho. “Não é à toa que o dono do Bradesco ou o dono do Itaú deram entrevistas dizendo que não deve haver impeachment. Hoje existem poucas possibilidades de existir isso. Até a postura da Rede Globo mudou, porque ela tem anunciantes que são os grandes empresários que já perceberam que isso não é interessante para as suas economias”.

Estado deixou de ser referência

Como professor efetivo da rede pública estadual, Izzo lembra do que Geraldo Alckmin até o momento não fez por São Paulo. “A educação, há muito tempo deixou de ser referência para o resto do país. A nossa juventude sai das escolas sem condições de fazer a disputa. Porque a lógica do estado mínimo construiu a aprovação automática para diminuir as despesas para a educação”, criticou.

Privatizações, desmonte de serviços públicos como saúde e educação e o descaso com as reivindicações do funcionalismo são alguns dos exemplos citados pelo dirigente. Em sua análise de conjuntura estadual, ele também criticou o “choque de gestão” do governo estadual paulista, além da “seletividade” imposta à população em situações como a crise da água.

“Em pleno século XXI, vivemos uma escassez de água com racionamento seletivo, presente na periferia, mas não no bairro do Morumbi e em outras áreas nobres, o que tem causado prejuízo do ponto de vista produtivo, levando indústrias a deixar São Paulo, além de prejudicar o povo que precisa desse recurso”, disse o dirigente.

Sobre as indústrias que estão abandonando o estado que já foi o motor do Brasil, Izzo também apontou outra questão quanto às rodovias. “São Paulo oferece para o Brasil e outros países o pedágio mais caro do mundo, o que inviabiliza a circulação dos trabalhadores, de mercadorias e leva as empresas a construírem unidades em outros estados onde o custo de produção é menor”.

Durante a manhã, o dirigente também abordou as dificuldades do conjunto do funcionalismo nas tentativas de negociar com um governo que, segundo ele, é truculento e ausente no diálogo. Ao final, citou ainda a onda não só de privatizações, mas de extinção de órgãos como o Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal (Cepam), entidade estadual que orienta os municípios em temas relacionados à gestão pública. A medida será, inclusive, alvo de moção de repúdio pelos delegados e delegadas no congresso.

Fonte: CUT 

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