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A cada entrevista, democratização da comunicação será o ponto principal das minhas intervenções, diz Lula

Publicado em: 19/05/2014
Roberto Parizotti

Roberto Parizotti

Entre discussões sobre Copa do Mundo, Eleições 2014 e uma mídia sedenta em atacar e desmoralizar o governo federal, um tema teve destaque nesta sexta-feira (16), em São Paulo, durante a abertura do 4º Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais. A Democratização da Comunicação ganhou um importante aliado: o ex-presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva.

“Hoje eu tenho mais consciência da necessidade da luta pela Democratização da Comunicação e espero que eu a tenha cada vez mais, porque quanto maior a consciência, mais se briga. E cada vez que eu tiver oportunidade de dar entrevista a partir de agora, não importa se o veículo é pequeno ou grande, a bandeira pela Democratização da Comunicação será o ponto principal que vou abordar”, afirma o ex-presidente a um plenário com mais de 500 pessoas, incluindo jornalistas da imprensa tradicional.

 

Lula ressaltou legislações e debates em países como Argentina, Inglaterra e Uruguai para embasar sua defesa a um Marco Regulatório das Comunicações no Brasil. “Estamos ganhando espaço e amadurecendo o debate. É importante dizer que ninguém quer censurar ninguém. Ao contrário, queremos cada vez cantar mais alto ‘liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós’.”. Para o ex-presidente, é necessário garantir a pluralidade de vozes para se alcançar a verdadeira democracia no Brasil e os Países vizinhos podem ser uma referência.

Neutralidade

Ao parabenizar os movimentos sociais e ativistas digitais pela pressão democrática que resultou na aprovação do Marco Civil da Internet no Congresso Nacional, o ex-presidente destacou a importância da neutralidade de rede, que inibe a cobrança por diferentes pacotes de dados. Em seguida defendeu outro conceito de neutralidade: a de conteúdo.

“Um dia teremos neutralidade na mídia televisada e nos órgãos oficiais”, afirmou Lula, logo após lembrar a omissão da imprensa em relação aos problemas do estado de São Paulo, principalmente a crise da água, e ressaltar as críticas da imprensa tradicional durante sua gestão na presidência. “Quando critico a imprensa, dizem que estou atacando. Quando a imprensa me ataca, dizem que são críticas”, ironizou. “Esperamos, pelo menos, seriedade da imprensa”.

Criminalização da Política

Criticando a criminalização da política difundida pelos meios de comunicação, Lula destacou a importância da blogosfera, redes sociais e mídia alternativa na oposição a esse processo. Para ele, com a internet, o movimento pela Democracia e a consciência política crescerão. “Nós temos internet, sites, blogueiros. Precisamos usar estes meios para criar embasamento político. Sabe como o sindicalismo cresceu? Acordando às 2h da manhã pra ir na porta da fabrica entregar folheto. Acham que a grande mídia falava da gente na década de 80, 90?”, questionou. As críticas eram constantes, assim como hoje, por serem do mesmo grupo político e econômico. E citando as diversas formas de ataques e críticas sofridas graças à imprensa hegemônica, Lula lembra a repercussão dada pela mídia nas recentes celebrações do 1º de maio.

“As críticas feitas e reproduzidas são virulentas, até mesmo desrespeitosas e criminosas. Como as promovidas pelo [deputado federal] Paulinho”, salienta. “Tudo o que conquistamos foi na base da luta, assim como teremos que lutar muito para aprovar um Marco Regulatório das Comunicações nesse País”.

Aprofundar a democracia

Sobre a crescente descrença na política, Lula afirmou que o caminho da negação é um perigo, pois favorece movimentos como o Nazismo, o Fascismo e a própria ditadura militar brasileira instalada em 1964. “Se você não esta satisfeito com o Lula, entre na política e apresente alternativas”, desafia.

Quando aborda a questão das manifestações pelo Brasil, o ex-presidente diz que, em uma democracia, todos possuem liberdade para apoiar ou criticar as direções tomadas pelos governos e a participação dos jovens deve ser estimulada. “Agora, é bom lembrar que, se não houver uma reforma política, não se mudará nada. Com isso quero dizer que esse congresso não fará a reforma política que o Brasil precisa. Ela só será feita a partir de uma constituinte exclusiva e soberana”. Para Lula, os movimentos não podem ter medo de manifestações. É preciso voltar a ter orgulho de ir às ruas.

Fonte: CUT – Nacional – William Pedreira e Henri Chevalier

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