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Crise hídrica inflaciona preço dos poços artesianos em São Paulo

Publicado em: 04/03/2015
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O custo da abertura de poços artesianos subiu na Grande São Paulo após a instalação dos equipamentos virar alternativa para a falta d’água. Empresas ouvidas pelo G1 afirmam que reajustaram, em média, em 40% o preço do serviço.

O preço dos poços artesianos está inflacionado e o valor médio do metro quadrado custa entre R$ 400 a R$ 700, podendo atingir o preço R$ 140 mil para um poço com 200 metros de extensão, por exemplo.

Segundo pesquisa realizada pelo G1 baseada em consulta de preços, há dois anos, os poços artesianos custavam entre 20% e 40% a menos.

O orçamento leva em conta além da extensão do poço (que costuma ser de no mínimo entre 100 e 200 metros), o tipo de formação geológica e revestimento que é utilizado.

Os poços artesianos, usados desde os primórdios da civilização para captar águas profundas, ressurgiram como uma forma de garantia para fugir das torneiras secas.

Boom de pedidos
Após o anúncio feito na semana passada por Paulo Massato, diretor metropolitano da Sabesp, de que a companhia pode adotar um rodízio de cinco dias sem água por semana e dois dias com água caso a crise continue, as empresas de perfuração de poços tiveram um boom de pedidos de orçamento.

“No dia seguinte ao anúncio, em um dia, eu tive 120 pedidos de orçamento. A média antes era de 30 por mês”, afirmou o empresário Dinart Pinto, da São Paulo Poços. Há 30 anos no mercado, ele diz que essa é a fase mais promissora da empresa. “Essa é a melhor fase, dificilmente vivemos uma época como essa com falta d’água e boom de pedidos”, disse.

De acordo com o empresário João Carlos Souza Leite, de 51 anos, da Todágua, houve um aumento de 60% de pedidos de perfuração na capital paulista nos últimos meses.

Para atender essa demanda, as empresas contrataram funcionários e investiram em novos equipamentos, mas também foram unânimes para as justificativas da alta dos preços. “Devido ao encarecimento de material de perfuração e demanda também influencia um pouco”, afirmou Leite.

“Está inflacionado por causa da demanda e os materiais de revestimento também subiram como o tubo de aço, além das altas do governo como do óleo diesel”, declarou o empresário Dinart Pinto.

Licenças
Para a instalação do poço, é necessário obter a autorização dos órgãos responsáveis, como o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica). A perfuração só pode ocorrer após publicação da licença no Diário Oficial, que leva em média de 30 a 150 dias. O processo para a aquisição e liberação do equipamento passou a ser cada dia mais moroso com a alta procura.

A Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, o estado de São Paulo possui cerca de 2 mil poços com outorgas e 8 mil irregulares (ativados e desativados).

O Estado de São Paulo é atualmente o maior usuário das reservas subterrâneas do país. Cerca de 65% da região urbana e aproximadamente 90% das indústrias paulistas são abastecidas, de forma parcial ou total, por poços artesianos.

Condomínios
Ultimamente, os condomínios de apartamentos, ou verticais, correspondem a maior parte dos pedidos de orçamento feito para as empresas de perfuração.“Antigamente, o condomínio não fazia poço porque o custo do metro cúbico da água cobrado pela Sabesp era baixo. O valor era igual ao residencial e a demanda era boa. Hoje, os condomínios estão fazendo por causa da falta de água e o pessoal está querendo se precaver”, afirmou Dinart Pinto.

“O condomínio hoje é carro-chefe da nossa empresa, 95% dos pedidos são de condomínios”, estima ele.

Segundo a empresa Jundsondas, uma das maiores do estado na área de perfuração, os pedidos feitos por condomínios já representam 80% do total.

Água subterrânea
De toda água existente no planeta Terra, 98% está localizada nos mares e os 2%  restante está nos continentes. Do total de água nos continentes, 2% é encontrada superficialmente como em rios e lagos e 98% de água é subterrânea.

Apesar da grande quantidade de água subterrânea existente, a região metropolitana de São Paulo não é considerada uma região privilegiada, pois não existe tanta abundância, devido a formação geológica da área.

“O problema é que a região metropolitana não está localizada próxima ao aquífero Guarani, que tem muita água. Infelizmente São Paulo não tem essa disponibilidade de água. No arcabouço que São Paulo está, o poço tende a minimizar essa crise hídrica”, afirmou o hidrogeólogo Luciano Leo Jr.

Segundo o geólogo especialista em água, em regiões com muitos poços próximos como é o caso da capital paulista, o aquífero tende a ter seu nível rebaixado e a vazão da água diminuir. “A vazão da água depende da disponibilidade do aquífero, da limitação do diâmetro do poço e da profundidade que é instalada a bomba”, disse.

A qualidade da água também é verificada logo após a perfuração, quando é feito o teste de vazão. Quando a água é utilizada para consumo humano é obrigatório o cadastro na Vigilância Sanitário do município.

“Se eventualmente essa água tiver algum problema, você tem que fazer um tratamento. As Prefeituras também exigem acompanhamento mensal da água pela vigilância sanitária”, ressaltou Dinart Pinto.

Poço artesiano?
A origem da palavra significa a água que jorra sozinha no solo sem o auxílio de bombas. No entanto, comercialmente, o termo é designado como uma construção civil que possibilita a captação da água existente no subterrâneo através de uma tubulação com bombeamento.

Quando deve ser utilizado?
É aconselhável quando existe falta de água proveniente da rede de distribuição pública. No caso das indústrias, os poços são usados como forma de reduzir o consumo de água.

Tipos de poços
– captação em rocha cristalina (sólida e com paredes consistentes)
– captação em aquífero sedimentar (material inconsistente composta por camadas de areia e argila)
– captação mista (mistura da rocha cristalina e sedimentar)

Como proceder?
– contratar empresa de perfuração
-avaliação do espaço para colocação de maquinário e geologia do local
– avaliar necessidade do cliente quanto à vazão

Documentação exigida
Autorização do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) para a perfuração do posto. Após publicação no Diário Oficial, a perfuração poderá ser iniciada. Posteriormente, para a utilização do poço é necessário uma outorga do direito de uso. Se a água for para consumo humano, é necessário cadastrar o poço na Vigilância Sanitária e ser feito controle mensal da qualidade da água.

Requisitos
O que o poço deve ter:
– laje de no mínimo 3 metros quadrados
– equipamentos medição de volume e nível como hidrômetro

Área contaminada
Se a água estiver contaminada em área inferior a 500 metros quadrados da perfuração, o usuário deve requerer à Cetesb um parecer técnico ambiental para a utilização do poço.

Solução para crise hídrica?
Em São Paulo, os poços artesianos são vistos apenas como uma medida paliativa em locais pontuais. Agora, pensando na estrutura geológica do estado de São Paulo não é suficiente, pois o aquífero não tem volume suficiente para atender toda a população.

Fonte: G1

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