Secor Participa da 6ª Conferência da UNI Américas na Argentina
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As mulheres representam 51,3% da população brasileira. Elas atuam em vários ramos e categorias da sociedade, nas mais diversas profissões, cuidam da manutenção do lar, de suas famílias e dividem-se em duplas e triplas jornadas de trabalho extenuantes e cansativas.
Todos esses fatores têm feito com que, com o passar dos anos, as mulheres optem por retardar a gravidez para se dedicarem aos estudos. Cada vez mais mulheres têm ingressado nas faculdades, feito cursos de especialização e profissionalização focando suas carreiras e buscando melhores colocações profissionais. O que segundo a pesquisadora do Dieese, Camila Ikuta, nem sempre é uma realidade.
“O estudo não reflete em melhores condições de emprego e maiores salários. Hoje, mesmo tendo mais estudo, as mulheres recebem 17% a menos que os homens e são as principais afetadas pela taxa de desemprego, sendo as primeiras a serem demitidas pelas empresas”, afirmou Ikuta na primeira mesa do Encontro Nacional de Gênero da Confederação Nacional do Comércio e Serviços da CUT (Contracs/CUT) que iniciou a manhã desta quinta-feira, dia 10, debatendo a questão de gênero e o mercado de trabalho.
Segundo Camila, a atuação profissional da mulher embora tenha se ampliado, continua segmentada. Os três principais ramos de atuação feminina no mercado de trabalho são os setores de educação, saúde e serviços; seguido pelo de serviços domésticos e por serviços sociais e pessoais. Em contrapartida, os principais ramos de atuação dos homens são o agrícola e o da construção.
“As mulheres continuam atuando em trabalhos que reproduzem o que elas fazem em casa, ou seja, atuam como cuidadoras e em áreas que envolvem serviços de limpeza, educação e organização”, ressaltou Ikuta. Segundo ela, em 2014, as mulheres representavam 43,2% dos trabalhadores formais do país e ocupavam 52% dos postos de trabalho formais com níveis de instrução superior. Ela apontou ainda que no setor do comércio, as mulheres ocupam 44% das vagas e no de serviços 52% dos cargos.
A pesquisadora afirma que, embora as mulheres estejam presentes em todos os setores e sejam maioria em muitas categorias, elas continuam recebendo menos. “As mulheres recebem em média 17% a menos que os homens. No setor do comércio a diferença salarial pode chegar a 20%. No ramo de serviços, mesmo as mulheres sendo maioria, a diferença é de 19%. Já no setor de indústria, essa realidade chega a 35%. O setor da construção civil é o único em no qual as mulheres ganham mais que os homens. A diferença é de 6% e ocorre porque neste setor as mulheres ocupam os cargos mais altos”.
Segundo Camila, a inserção das mulheres no mercado de trabalho tem aumentado gradativamente, porém nos espaços de poder elas continuam sendo a minoria. “Políticas públicas como o Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida favoreceram a emancipação das mulheres”. Os avanços nas cláusulas dos acordos coletivos referentes a gênero, alcançadas mesmo em momento de crise, também foram apontadas como pontos determinantes. “Muitas das conquistas de gênero que tornam-se leis, têm origem nas negociações coletivas. Isso demostra a importância do movimento sindical discutir e implementar questões de gênero”, ressaltou.
Mercado de trabalho
Para a economista e pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (CESIT), Marilane Teixeira, a informalidade ainda é uma característica forte do mercado de trabalho brasileiro. “O desemprego feminino continua o dobro do masculino. Essa é uma realidade em qualquer contexto que demonstra o quanto o desemprego também reflete no ingresso das mulheres na população economicamente ativa, pois muitas não conseguem se inserir no mercado”.
As grandes mudanças ocorridas nos últimos anos no mercado de trabalho têm feito com que as mulheres ingressem nele cada vez mais tarde. Segundo a economista, essa mudança demostra estabilidade do emprego, pois uma vez que os pais, maridos e companheiros estão empregados, as mulheres tem a chance de estudar, se qualificar e escolher quando ingressar no mercado.
Marilane aponta que uma das maiores conquistas da mulher brasileira no período de 2004 a 2014 foi o crescimento formal que passou de 26,2% para 36% de mulheres ocupadas. Porém a pesquisadora ressalta que, esses números não englobam as 35 milhões de mulheres que estão fora do mercado de trabalho, mas exercem o trabalho doméstico sem remuneração.
Com relação aos resultados obtidos no mercado de trabalho por meio das políticas públicas, a economista aponta que entre 2004 e 2014, em torno de 5,946 milhões de mulheres negras ingressaram no mercado de trabalho. “Essa foi a maior inserção de mulheres negras em toda a história do Brasil e reflete além do funcionamento das políticas afirmativas, o reconhecimento racial da população, que aprendeu a reconhecer-se como negra”.
O Encontro Nacional de Gênero ocorre no Centro de Formação e Lazer da Contracs em Mongaguá, no estado de São Paulo e debaterá temas importantes relacionado a gênero ao longo de dois dias.
Fonte: Contracs CUT
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