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OMS declara o zika vírus uma emergência mundial

Publicado em: 02/02/2016
Foto: CDC-GATHANY/PHANIE/AFP

Foto: CDC-GATHANY/PHANIE/AFP

O Comitê de Emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta segunda-feira o zika vírus, já presente em 24 países da América, uma emergência de saúde pública de importância internacional. O vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti — o mesmo da dengue e do chikungunya—, normalmente provoca uma infecção leve, mas está sendo associado a casos de microcefalia em bebês de mães infectadas e a alguns casos da síndrome de Guillain-Barré. Foi essa relação que levou a OMS a considerar o zika vírus uma ameaça “de proporções alarmantes”, como a definiu a diretora-geral da entidade, Margaret Chan.

Na entrevista coletiva que se seguiu, Chan insistiu que a emergência “não é pelo zika vírus em si, mas por sua associação com a microcefalia e outros transtornos neurológicos, como a síndrome de Guillain-Barré”. Ela acrescentou que a declaração foi feita “como precaução”. “Não podíamos esperar até que a relação seja demonstrada”, afirmou.

Isso torna a situação mais chocante. Não se declara a emergência só por causa do vírus, já que isso deveria ter sido feito anos antes, quando ele começou a sair da África, mas sim por seu possível vínculo com complicações gravíssimas. O subdiretor-geral David Heymann acrescentou que não se sabe quanto tempo levará para que a relação do zika com a microcefalia e outras síndromes seja confirmada ou descartada.

Declarar uma emergência de saúde pública internacional, decisão adotada em 2009 com a gripe A e em 2014 com o ebola, significa colocar em vigor mecanismos para coordenar a detecção, a prevenção e a vigilância do problema, bem como a possibilidade de mobilizar os especialistas da Organização Mundial da Saúde e recursos.

José María Martín Moreno, catedrático de medicina preventiva da Universidade de Valência, explica que os peritos da OMS estabeleceram esse alerta mundial com base em dois elementos: a existência de um risco para a saúde pública de outros Estados em decorrência da propagação internacional do zika vírus e a necessidade de uma resposta mundial coordenada. “A partir disso, provavelmente será proposto insistir no fortalecimento da vigilância epidemiológica, criação da capacidade laboratorial para detectar o vírus,colaboração na eliminação dos mosquitos, formulação de recomendações sobre o atendimento clínico e acompanhamento das pessoas infectadas pelo vírus e definição de áreas prioritárias de pesquisa sobre a doença causada pelo zika vírus e suas possíveis complicações”, especifica Martín Moreno, que também é assessor da Organização Mundial da Saúde para a Europa.

Além disso, os especialistas independentes e os representantes dos Estados poderão fazer outras recomendações, como isolamento, quarentena, ações em centros de atendimento básico e hospitais, e tratamentos. Outra opção é que haja recomendações sobre as viagens às zonas afetadas, como já realizaram os Estados Unidos e as autoridades sanitárias europeias, que aconselharam as grávidas — o grupo de maior risco — a não visitarem regiões onde foram detectados casos. Uma decisão delicada sobretudo para o Brasil (o país mais afetado pelo zika vírus), já que pode prejudicar o Carnaval e os Jogos Olímpicos do Rio, marcados para agosto. Mas Chan insistiu que não há restrições às viagens e ao comércio, apesar de admitir que uma grávida “poderia considerar” o adiamento de uma viagem não urgente, ou pelo menos deveria “consultar seu médico” e tomar medidas de autoproteção.

A gestão da epidemia do zika vai ser um teste importante para a OMS, depois de seus fracassos nas crises da gripe A e do ebola. A OMS reconheceu que respondeu de modo lento e insuficiente ao ebola. Seu alerta mundial não foi bastante agressivo, sua capacidade de comunicação de riscos e de reação foi limitada e a entidade não foi eficaz na coordenação com outros órgãos. A Organização Mundial da Saúde também recebeu duras críticas por seu desempenho pouco transparente e exagerado — como descrito em um relatório do Conselho da Europa e outro da prestigiada revista científica British Medical Journal — durante a pandemia do H1N1.

A crise do zika é um pouco diferente. Para esse vírus que, segundo a OMS pode afetar três ou quatro milhões de pessoas, não existe tratamento nem compensação. E tampouco há perspectiva no curto prazo de se obter uma vacina. Por ora, há dois projetos de pesquisa trabalhando nisso, mas os ensaios clínicos não devem ocorrer antes de meados do ano, no mínimo, segundo os encarregados do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês). O único meio de lutar contra a infecção é a prevenção: evitar que o mosquito pique e acabar com ele.

Fonte: El Pais

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