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Setembro amarelo: mês de prevenção do suicídio

Publicado em: 03/09/2019

A cada 45 minutos um brasileiro tira a própria vida. Esse número já deveria ser suficiente para estimular as pessoas a se mobilizarem pela prevenção dessas mortes precoces, mas apesar dos avanços, os tabus, preconceitos e vergonhas ainda são adversários nessa luta.

Durante todo o mês de setembro diversas ações serão vistas em todo o Brasil, em um movimento chamado de Setembro Amarelo, para chamar a atenção da população para esse problema. O suicídio é um assunto complexo, pois ninguém se mata por um único motivo, mas a prevenção é possível e algumas ações podem ser feitas por todas as pessoas. Permitir que as pessoas desabafem e falem sobre seus sentimentos sem receber críticas é um meio de evitar que se pense na morte como solução para as dores.

A morte em si já é um tabu. Morte por suicídio costuma ser ainda mais, pois toca em questões de escolhas, crenças e barreiras sociais. Nesse sentido, muitas vezes há pouco debate e divulgação. Em junho deste ano o CVV lançou uma série de vídeos para se prevenir o suicídio entre jovens e adolescentes, faixa etária em que mais cresceram os índices de suicídio no país. É uma iniciativa para permitir que toda a população se engaje na causa e possa se capacitar para identificar sinais, pedir e oferecer ajuda. Os vídeos estão disponíveis no YouTube e para download no site do CVV.

Neste ano, diversos fatores levam a crer que o movimento Setembro Amarelo terá alcance recorde. A começar pelo fato de que o CVV chegou a 110 postos de atendimento em todo o país com mais de 3.000 voluntários em atuação. O movimento, no entanto, não é do CVV, mas o CVV é um dos seus mobilizadores desde o início. Quanto mais pessoas participarem das iniciativas, melhor para todos. Exemplos de ações são a iluminação em amarelo de prédios e monumentos, caminhadas e passeios ciclísticos, palestras e rodas de debate, ações dentro de empresas e distribuição de balões amarelos.

Durante todo esse mês, as diversas ações serão compartilhadas nas mídias sociais do movimento (Facebook e Instagram) identificados como @setembroamarelo, e também nos perfis oficiais do CVV (@cvvoficial). Fotos e vídeos de iniciativas por todo o país podem ser enviadas para esses canais para estimularem mais pessoas a aderirem na causa.

Veja quais as recomendações para a prevenção de suicídios feitas pela OMS e sua relevância:

  • Promover o suporte e a reabilitação das pessoas com comportamento suicida.

Considerando que o número de tentativas de suicídio é cerca de 20 vezes maior que o número de suicídio e que uma pessoa que tenha tentado se matar tem um risco muito alto de vir a cometer suicídio no futuro, é importante concentrar a atenção em pessoas que já tiveram comportamento suicida, que pode incluir não apenas a tentativa e a realização do suicídio, mas também a ideação suicida (pensamento e intenção de cometer suicídio) e o planejamento do ato.

  • Melhorar o diagnóstico e o tratamento dos transtornos mentais.

“É extremamente importante identificar os sinais de transtornos mentais que em geral estão relacionados a comportamentos suicidas, como depressão e transtorno bipolar, para que essas pessoas possam ser cuidadas, tendo a cautela, ao mesmo tempo, de não definir como doente quem não tem transtorno mental”, explica o médico psiquiatra e professor de Psiquiatria da Unicamp Luís Fernando Tófoli.

  • Aumentar a atenção entre profissionais de saúde para suas próprias atitudes e tabus em relação à prevenção do suicídio e às doenças mentais.

Ambos os psiquiatras consultados afirmam que ainda há um estigma muito grande envolvendo o suicídio e os transtornos mentais por parte de profissionais de saúde, o que faz com que muitas pessoas deixem de pedir ajuda.

Portanto, é essencial que esses profissionais sejam treinados para lidar de forma adequada com as doenças mentais e com os sentimentos que os casos de tentativa de suicídio podem gerar neles.

  • Identificar e reduzir a disponibilidade e o acesso aos meios para se cometer o suicídio.

“Países que adotaram medidas para dificultar o acesso a medicamentos, armas de fogo e pesticidas, meios que costumam ser usados em tentativas de suicídio, conseguiram reduzir suas taxas”, revela o dr. Cais.

  • Aumentar o conhecimento através da educação pública sobre doenças mentais e seu reconhecimento precoce.

Esse é um ponto bastante importante, pois quanto mais cedo as pessoas souberem reconhecer os sinais e sintomas de um transtorno mental, maiores suas chances de  buscar ajuda precocemente. Nesse sentido, a divulgação correta de informações em escolas, centros de saúde e em veículos de comunicação é extremamente importante.

  • Auxiliar a mídia sobre como noticiar suicídios.**

“Há um consenso entre especialistas de que o fenômeno do suicídio sofre contágio pela mídia e de que há maneiras pelas quais ele não deva ser retratado. Por exemplo, ele não deve ser romantizado nem devemos revelar detalhes sobre o ato, mas é importante divulgar serviços de atendimento”, afirma o dr. Tófoli.

  • Incentivar a pesquisa na prevenção de suicídio.

“Quanto mais soubermos a respeito dos fatores que envolvem o comportamento suicida e o suicídio em si, maiores serão as chances de atuarmos com eficiência em sua prevenção”, explica o dr. Cais.

  • Promover o treinamento de equipes de saúde e indivíduos-chave, como lideranças das comunidades.

O modo como as equipes de saúde recebem os pacientes que tentaram o suicídio pode ser crucial para evitar que o mesmo paciente venha a tentar cometer o ato novamente. Por outro lado, se o paciente não for acolhido, encaminhado para serviços especializados e devidamente acompanhado, o risco de que ele venha a tentar se matar outra vez aumenta consideravelmente.
Desse modo, é importante treinar os profissionais e equipes que lidam diretamente com pessoas que tenham comportamento suicida.

  • Promover o suporte para familiares, amigos e pessoas próximas de indivíduos que faleceram por suicídio.

Não é fácil lidar com casos de suicídios. Há muito estigma envolvido, e é comum que as pessoas próximas tenham sentimentos contraditórios, como raiva e culpa. Parentes de pessoas que se mataram também podem apresentar risco maior de se suicidar, portanto devem ser acompanhados.

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