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2016: do Golpe de Estado à retirada de direitos

Publicado em: 14/12/2016

Crédito: Jornada Mercado
Crédito: Jordana Mercado

O ano de 2016 foi muito difícil para a sociedade brasileira, em particular para a classe trabalhadora. O Golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff (PT), eleita legitimamente por 54 milhões de votos, comprovou-se ter objetivos claros, denunciados pela CUT desde o início do processo: arrochar salários, dificultar o acesso a Previdência, acabar ou reduzir com programas sociais e, obviamente, proteger uma casta da classe política, que,apesar de várias denúncias e provas, nunca foi investigada.
Os golpistas – entenda-se a elite econômica, mídia, setores do judiciário e a direita partidária – quando fizeram todo o movimento para dar o golpe, não tiveram a menor responsabilidade com o país. O ato de vingança do então presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) foi apenas o estopim de um movimento que começou a ser gestado após o resultado das eleições de 2014. A direita não aceitou o resultado das urnas e desde então passou a exercer a velha prática do “quanto pior, melhor”. Criaram uma crise política e aprofundaram os problemas da economia que já vinha enfrentando dificuldades.
Construíram uma narrativa típica de usurpadores de que o país estava quebrado e era preciso combater a corrupção. Utilizaram-se do espetáculo midiático que se tornou a operação Lava Jato. Embora seja evidente a necessidade de se combater a corrupção permanentemente, ficou claro que procuradores e juízes responsáveis pela operação atuaram de forma seletiva para interferir no cenário político e econômico do país, com consequências desastrosas como cerca de um milhão de desempregados, o que reforça a urgência de se estabelecer um acordo de leniência e não punir a empresa por erros de diretores.
Agora, diante do agravamento da crise política, econômica e institucional que vivemos, com a clara disputa entre setores do judiciário e o legislativo, os golpistas não sabem exatamente o que fazer com o governo medíocre que ajudaram a criar. As decisões políticas e judiciais se tornaram uma questão de conveniência. Passam por cima da Constituição Brasileira de forma lamentável – e nunca antes vista – para solucionar problemas criados pelos mesmos personagens que protagonizaram a farsa do impeachment.

Apostaram que os agentes econômicos logo se renderiam e o país começaria a dar sinais de recuperação assim que consumado o golpe. Esqueceram-se de uma regra básica: país que não tem estabilidade política não tem investimentos, não tem credibilidade.
Colocaram no poder um presidente pequeno e sem crédito. Michel Temer (PMDB) é uma figura patética e de baixa estatura moral no jogo pesadíssimo pela disputa de poder no Brasil. Ficam cada vez mais evidentes os conluios de bastidores e as relações promíscuas dos golpistas. Eles não têm um projeto para o país. A proposta até agora apresentada para a saída da crise é o pagamento da dívida àqueles que patrocinaram o golpe, o que, em outras palavras, significa a retirada de direitos sociais e constitucionais.
A Proposta de Emenda Constitucional 55 – ou a PEC do Fim do Mundo –, que congela salários e investimentos em saúde e educação por 20 anos, e a reforma da Previdência, que obriga homens e mulheres a trabalhar até os 65 anos com pelo menos 25 anos de contribuição, são as expressões mais claras do projeto de redução do tamanho do Estado na economia brasileira e a imposição de uma agenda ultraliberal que recairá sobre os trabalhadores/as e o povo mais pobre deste país.
Enquanto Temer propõe uma série de medidas que irão retirar direitos da classe trabalhadora, libera o reajuste ao alto escalão do judiciário, repassa uma quantia bilionária dos cofres públicos para os grandes veículos de imprensa, mantém a alta taxa de juros e não aplica nenhuma medida para taxar os mais ricos. Esse receituário já se mostrou desastroso no passado recente. Se não houver uma mudança de rumo, a crise econômica tende a se agravar, com elevação do desemprego e queda na renda das famílias.
Diante desse cenário, o ano de 2017 promete ser de grandes desafios. A bandeira das Diretas Já ganha força a cada dia, apesar de esbarrar na conveniência e no desespero dos golpistas de tentarem salvar a própria pele. A CUT, assim como foi ao longo de 2016, continuará no protagonismo da luta de resistência e em defesa dos direitos da classe trabalhadora. Não saímos das ruas este ano. A CUT organizou, junto às frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, diversas manifestações de massa, além de paralisações e ações junto à sociedade para esclarecer o momento complexo que vivemos.
Apesar do claro boicote midiático às nossas ações, fortalecemos a nossa luta nas ruas, no local de trabalho, nas escolas ocupadas, no enfrentamento às arbitrariedades do Congresso Nacional, e assim seguiremos no ano que vem. Os trabalhadores/as começam a perceber a real extensão do golpe e isso deve se traduzir em mobilização. O nosso papel é transformar a indignação em luta.

Com os claros ataques aos direitos dos trabalhadores/as, não teremos saída senão criar as condições para a necessária greve geral no país. É preciso resistir. Em 2017 estaremos fortes e organizados para o enfrentamento, pois essa é a nossa história. A CUT nasceu para lutar, resistir e construir avanços à classe trabalhadora. Até à vitória!

Douglas Izzo
Presidente da CUT-SP

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