Empresas Devem Liberar Trabalhadores para Votar no Dia das Eleições: Respeito à Lei e Consequências para Quem Desrespeitar
No dia das eleições, todos os trabalhadores têm o direito garantido de c [...]
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A disparada dos preços dos alimentos essenciais é um dos assuntos mais comentados nas redes sociais desde que a inflação alcançou dois dígitos no ano passado e não parou mais de subir. A culpa, diz o povo nas postagens com fotos de produtos com preços inviáveis para o bolso da maioria, é do governo de Jair Bolsonaro (PL). E o povo tem razão, como explicaram dois economistas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) à reportagem do PortalCUT.
Nos últimos dias, o produto que mais chamou a atenção dos brasileiros e brasileiras foi o leite integral e o tema esteve entre os mais comentados nas redes sociais. E não é para menos. O preço do litro varia, em média, de R$ 7 a R$ 10, dependendo da localização do comércio em que é vendido. Um levantamento da técnica da subseção da CUT Nacional do Dieese Adriana Marcolino, mostra a evolução dos preços do produto nos estados em que o órgão faz a pesquisa da cesta básica.
De acordo com o levantamento, o litro do leite subiu menos em Brasília, com reajuste de 35%, desde que Bolsonaro assumiu a presidência da República. O maior reajuste no mesmo período é em Santa Catarina com quase 90%. Confira abaixo os percentuais de reajustes nos estados.
Em contrapartida a renda dos trabalhadores de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), tem sido corroída pela inflação, puxada especialmente pelos aumentos dos combustíveis e dos alimentos.
Desde que Bolsonaro assumiu, em 2019, a queda foi de 8%. No primeiro trimestre daquele ano a renda média do trabalhador era de R$ 3.021,76 e no primeiro trimestre de 2022 cai para R$ 2.783,72.
Outro dado que aponta a desvalorização salarial é da pesquisa do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência. Em maio deste ano o salário médio real de admissão para quem tem carteira assinada foi de R$ 1.898, contra um valor de R$ 1.916 em abril, e de R$ 2.010 em maio do ano passado, em valores corrigidos pela inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). A queda foi de 5,6% em apenas um ano.
Foi neste governo também que acabou a Política de Valorização do Salário Mínimo, que atualizava o valor de acordo com o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), o que elevou o mínimo entre maio de 2005 e janeiro de 2016, a um aumento real acumulado de 72,98%.
O economista Dieese, Alexandre Ferraz, critica a forma como o governo vem abordando o combate à inflação que corrói o poder de compra do trabalhador. Segundo ele, enquanto o Banco Central (BC) continuar aumentando os juros para evitar mais consumo como estratégia para conter a disparada da inflação, o desemprego vai continuar alto porque os empresários não vão investir em novos negócios, nem ampliar os existentes. Em junho, a taxa básica de juros, a Selic, subiu para 13,25% ao ano. É o maior patamar desde janeiro de 2017, quando chegou a 13,75%.
Para Ferraz, a recuperação econômica tende a parar mesmo com o governo colocando mais dinheiro na economia com a ampliação de antigos auxílios e a criação de novos ao custo de mais de R$ 40 bilhões, aprovados pelo Senado.
“Quando o governo injeta recursos na economia, cada real provoca um crescimento no PIB e na demanda, vai rodar a economia, gerando emprego, renda e impostos, como foi comprovado pelo Bolsa Família. No entanto, ao aumentar os juros, o BC interrompe essa cadeia de crescimento, combatendo equivocadamente a inflação pelo consumo, e sem crescimento não há emprego e com a disponibilidade maior de mão de obra, os salários caem”, explica o economista.
Para o economista, infelizmente, a tendência até o final do ano é ainda mais inflação com os preços dos combustíveis aumentando, apesar da decisão do governo federal em reduzir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) cobrado no valor do diesel e da gasolina.
De acordo com Patrícia Costa, coordenadora da pesquisa da cesta básica do Dieese, o aumento do leite ocorre pela estiagem forte e o inverno, período de entressafra. O clima, segundo ela, já é esperado nessa época do ano, mas contribuem para isso, os custos de medicamentos dos animais que são importados, do farelo, da soja e milho; a dificuldade com os custos dos fretes no transporte do leite do campo para a cidade e a pressão da indústria de laticínios que compra diretamente do produtor. O problema, diz Patrícia é que o governo nada fez para evitar ou minimizar os aumentos.
“Existe um gargalo desde 2020 que se sabe, que é a pouca oferta de leite da agricultura familiar porque o governo não oferece subsídios para a sua produção. O preço do leite continua subindo por ter pouca oferta. Se o governo não deixasse ao sabor do mercado essa prática, buscando aumentar a oferta, os preços não estariam nesses patamares elevados”, diz Patrícia.
Um grande problema, de acordo com a pesquisadora é o fato do leite dificilmente baixar de preço. Normalmente ele se mantém ou baixa muito pouco, ao contrário de outros alimentos como o tomate por exemplo, que na entressafra pode chegar a R$ 10, o quilo, mas pode também baixar para R$ 5.
“Todo produto que passa por processamento, como o leite em caixa e a manteiga que não tem toda a produção no Brasil, incorpora os aumentos e não recua”, afirma.
O trigo é outro produto que dificilmente baixa de preço por causa da importação e a taxa de câmbio com a desvalorizada moeda brasileira encarece tudo.
“O atual governo não tem uma política para a agricultura familiar, responsável por 70% do que vai à mesa do brasileiro, mas fica dando auxílio gás, caminhoneiro, emergencial e outros benefícios, que são necessários, mas, no entanto, não se preocupa em prover alimentos essenciais como o leite. O governo não lida com a questão real que é o mercado produzir o que é mais lucrativo para ele, em detrimento de toda a sociedade”, critica Patrícia Costa.
Confira os preços e os índices de reajustes nos preços do leite desde o início do governo Bolsonaro, nos 16 estados e no DF, até maio deste ano, onde a cesta básica é pesquisada pelo Dieese.
Brasília – preço médio: R$ 5,75 – reajuste de 34,66%
Campo Grande ¬- preço médio: R$ 5,56– reajuste de 60,69%
Goiânia – preço médio R$ 5,87– reajuste de 69,16%,
Belo Horizonte – preço médio R$ 5,37 – reajuste de 66,77%
Rio de Janeiro – preço médio R$ 6,49 – reajuste de 46,50%
São Paulo – preço médio R$ 5,92 – reajuste de 49,49%
Vitória – preço médio R$ 5,97 – reajuste de 65,37%
Curitiba – preço médio R$ 5,58 – reajuste de 63,16%
Florianópolis – preço médio R$ 5,75 – reajuste de R$ 89,77%
Porto Alegre – preço médio R$ 4,98 – reajuste de 75,97%
Belém – preço médio R$ 6,22 – reajuste de 35,81%
Aracajú – preço médio R$ 5,30 – reajuste de 32,50%
Fortaleza – preço médio R$ 5,32 – reajuste de 37,47%
João Pessoa – preço médio R$ 5,57 – reajuste de 50,54%
Natal – preço médio R$ 5,50 – reajuste de 67,68%
Recife – preço médio R$ 4,92 – reajuste de 55,21%
Salvador -preço médio R$ 5,69 – reajuste de 51,33%
“Quando um governo sério vê que o preço vai explodir, ele chama um grupo técnico para ver o que vai fazer. Você não pode deixar um produto como o leite, de valor nutricional indispensável para as crianças chegar neste valor”, critica a pesquisadora Adriana Marcolino, que fez o levantamento dos preços nesses três anos e meio de governo Bolsonaro.
FONTE: CUT
O Sindicato dos Empregados no Comércio de Osasco e Região (SECOR) acaba d [...]
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